A perda auditiva pode ser condutiva, mista ou sensorioneural, de grau leve, moderado, severo
ou profundo. No caso da perda auditiva condutiva, pode ser um episódio temporário ou causado
por uma malformação. Se for uma perda auditiva de grau profundo, neste caso estamos tratando
de uma surdez unilateral.
A avaliação do grau de funcionalidade da orelha acometida requer a realização de audiometria
verbal, além da audiometria tonal. Determinar se uma orelha com perda auditiva é funcional não
pode ser feito apenas com base no grau de perda auditiva, mas sim no uso que o paciente pode
fazer de sua audição, ou seja, sua capacidade de usar essa audição para detectar, discriminar,
identificar ou mesmo entender os sons de fala e esta avaliação será decisiva na escolha da
intervenção ou estimulação mais adequada.
A prevalência da perda auditiva unilateral é significativa: é detectada em 1/1000 dos recém-
nascidos, aumentando para 3-6% durante a idade escolar (Tharpe, Vanderbilt University). Isto é
devido a perda auditiva adquirida ou erros na triagem neonatal etc. Até poucos anos atrás,
quando a perda auditiva unilateral era detectada, otorrinolaringologistas e fonoaudiólogos
tentavam identificar sua etiologia e tranquilizavam as famílias de que não haveria dificuldades no
desenvolvimento da criança, pois a outra orelha era normal. Hoje numerosos estudos mostram
que essas crianças enfrentam múltiplos problemas sem, às vezes, terem consciência disso. Em
um estudo de Bess et al. foi demonstrado que 35% das crianças com perda auditiva unilateral
repetiram o curso ao longo de sua escolaridade.
Um fato importante a se levar em conta é que em muitos casos a perda auditiva unilateral evolui
para bilateral. Isso é comum, por exemplo, em casos de perda auditiva secundária à infecção por
CMV (citomegalovírus). Em nossa experiência clínica observamos como em muitas crianças com
CMV a orelha com deficiência auditiva torna-se a orelha melhor, o que reafirma a necessidade
de estimular mesmo que seja um problema unilateral.